| Autismo: quando o mundo é percebido de outro jeito
Falar sobre autismo é, antes de tudo, falar sobre escuta.
Porque o mundo fala muito — e ouve pouco.
E quando a gente para pra ouvir quem vive dentro do espectro, percebe que existe ali um universo inteiro que não cabe em diagnósticos, listas de sintomas ou manuais.
Um espectro, não uma fórmula
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é exatamente isso: um espectro.
Amplo, diverso, cheio de nuances. Cada pessoa autista sente, percebe e reage de um jeito. Não existe um padrão.
O que existe é a experiência única de cada um — e a nossa responsabilidade de olhar com mais respeito e menos pressa.
Talvez você já tenha cruzado com alguém que evita o olhar direto, que fala muito sobre um único assunto, que se incomoda com certos sons ou texturas, que tem uma rotina bem rígida, que se fecha em silêncio ou que se expressa de forma inesperada.
Ou talvez você mesmo tenha crescido sentindo que não se encaixava em lugar nenhum — e só mais tarde começou a dar nome a certas coisas.
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Nomear é se reconhecer
O diagnóstico de autismo não é um rótulo.
É uma chave.
Uma forma de entender melhor a si mesmo, de se posicionar no mundo sem tanta culpa, sem tanto esforço pra “parecer normal”.
Porque o que chamam de “normal” muitas vezes é apenas aquilo que foi mais ensinado — não necessariamente o que faz mais sentido.
Hoje a gente entende que o TEA pode se manifestar de jeitos muito diferentes ao longo da vida.
Na infância, pode surgir com atraso na fala, dificuldade de interação, comportamentos repetitivos.
Na adolescência ou na vida adulta, ele pode aparecer como exaustão social, hipersensibilidade sensorial, necessidade intensa de rotina, ou crises silenciosas que ninguém vê.
E o mais triste é que muita gente passa a vida inteira achando que o problema está nela — quando na verdade, só faltava linguagem, informação, acolhimento.
Um convite à escuta
Falar sobre autismo é também falar de afeto.
É tirar a capa da pressa e observar.
É perceber que por trás de cada comportamento existe uma tentativa de se conectar — mesmo que seja de um jeito diferente do esperado.
Se você convive com alguém autista, ou se carrega essa possibilidade dentro de si, saiba: é possível construir pontes.
Com escuta, com tempo, com paciência.
E com menos julgamento. Porque o mundo já é difícil demais pra quem sente tudo com intensidade.
📘 Sugestão de leitura:
Simplificando o Autismo: Para Pais, Familiares e Profissionais – Thiago Castro
Bem bom este enfoque do afeto
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